Construir e decorar uma casa ou escritório pode parecer uma tarefa simples, sem muito segredo. Afinal, você só precisa combinar os elementos que mais lhe apetecem e voilà, eis um ambiente agradável e ao mesmo tempo funcional, certo? Não exatamente. O que inicialmente pode parecer uma boa ideia, quando colocado na prática, pode se tornar confuso e incongruente.
Claro que o que importa na concepção de qualquer projeto é o que gostamos, mas aliar preferências e funcionalidade pode ser um desafio e gerar problemas futuramente, como um aproveitamento reduzido do espaço, desconforto visual, passar uma impressão equivocada ao observador e, especificamente no caso de ambientes de trabalho, uma diminuição da produtividade devido à disposição confusa dos elementos.
Para facilitar na escolha funcional e ao mesmo tempo estética das características que você, caro leitor, deseja para a sua casa ou até mesmo empresa, falaremos aqui a respeito dos principais estilos utilizados atualmente para elucidar sobre essas questões.
Contemporâneo
Com início na efervescente década de 80, o estilo contemporâneo trouxe para a arquitetura e o design toda a versatilidade, pluralidade e espontaneidade que emergiu culturalmente na sociedade nessa época.
Com uma vasta gama de possibilidades, desprendimento de conceitos predefinidos, mescla de tendências e a necessidade de ambientes que aliassem beleza e fluidez ao seu propósito, esse estilo proporciona uma experiência atual e ao mesmo tempo aconchegante.
Suas principais características são:
- Ambientes integrados, proporcionando amplitude e diálogo entre as diferentes funções do espaço.
- Pé direito alto, principalmente nas áreas sociais.
- Luz natural abundante através de grandes janelas, aberturas zenitais e portas amplas que conectam os ambientes interno e externo.
- Valorização do espaço externo e paisagismo, dando a ele o mesmo destaque e conforto do espaço interno.
- Racionalização do espaço, aliando forma, função, conforto e evitando desperdícios.
- Uso de materiais naturais e não tóxicos, como madeira, porcelanato, mármore, granito.
- Formas irregulares.
- Uso da tecnologia para facilitar o dia a dia.
- Versatilidade de combinações, mesclando-se bem a outros estilos arquitetônicos, garantindo assim mais personalidade.
Se você busca modernidade e versatilidade, o estilo contemporâneo pode ser perfeito.
Modernismo
Facilmente confundido com o estilo contemporâneo por uma questão de nomenclatura, o Modernismo predominou durante a maior parte do século XX. Como exemplos desse movimento, temos a Bauhaus, que foi a primeira escola de design do mundo e, aqui no Brasil, a obra de Oscar Niemeyer.
Em contraposição a estilos mais ornamentados e pesados, o modernismo surgiu dando mais objetividade e racionalidade à arquitetura e design, mas sem deixar de lado o requinte.
Suas características mais marcantes são:
- Formas simples e geométricas, que podem ser retas e austeras ou curvas livres e sensuais, como são descritas as linhas curvas de Niemeyer.
- Utilização recorrente do concreto armado, vidro e aço.
- Simplicidade sem perder o requinte.
- Pilotis.
- Planta livre.
- Fachada livre
- Terraço jardim.
O Modernismo foi tão importante para as artes, design e arquitetura que continua influente até os dias atuais e frases como “a forma segue a função” e “menos é mais” são marcos desse movimento.
Minimalismo
A frase “menos é mais”, do arquiteto Mies Van der Rohe, também se aplica ao Minimalismo. É a descrição que melhor ilustra esse estilo caracterizado pela ausência de excessos e valorização do vazio. Mas não se engane: despir o projeto de todos os adornos não o torna minimalista, e sim uma escolha consciente do que é útil, funcional e tem uma estética mais limpa para a composição do ambiente.
É importante lembrar que o Minimalismo não é apenas um estilo arquitetônico e de design. Ele é um estilo de vida que abrange o vestuário, a fotografia etc. É a escolha por um estilo de vida voltado ao essencial e desprovido do que for considerado excessivo ou supérfluo.
Ele tem como características:
- A simplicidade, sobriedade e despojamento.
- A paleta de cores mais neutra: branco, preto, cinza, bege.
- O que é supérfluo é desnecessário.
- Formas geométricas simples.
- Limpeza visual.
- A forma define a função.
- Uso abundante da luz natural.
A beleza desse tipo de projeto está justamente na limpeza do ambiente e na sua utilidade. É um estilo mais leve, perfeito pra quem prefere objetividade e amplidão a excessos.
Neoclássico
O Neoclássico, como o próprio nome já indica, é uma releitura do estilo clássico greco-romano. Porém, diferentemente do clássico, essa releitura é mais limpa, mantendo a imponência com floreios mais suaves.
Trazendo um retorno da simetria e uma opulência mais elegante, este estilo despreza os excessos característicos do Barroco e Rococó.
Suas características mais marcantes são:
- Pórticos com colunas maciças.
- Platibanda.
- Frontões triangulares.
- Preferência por ambientes monocromáticos de tons mais suaves.
- Simetria e plantas retangulares.
- Materiais nobres como mármore, madeira, granito.
Para trazer imponência e tradicionalidade à edificação, o Neoclássico pode ser uma escolha certeira.
Industrial
Na Nova York das décadas de 50 e 60, as fábricas e galpões antigos começaram a ser reaproveitados como moradia e assim nasceu o estilo industrial.
Como sua essência está no reaproveitamento desses espaços, sua principal características são os materiais aparentes. Paredes sem reboco com os tijolos à vista, tubulações, grandes esquadrias, estruturas expostas e pé direito alto são os trunfos dessa vertente.
Suas características são:
- Planta livre, com os próprios móveis fazendo a função de dividir ambientes.
- Materiais e estruturas aparentes.
- Tubulações expostas.
- Pé direito alto.
- Utilização de mezaninos para criação de novos ambientes.
- Reutilização do que normalmente não seria considerado como mobiliário ou artigo decorativo.
- Despojamento.
- Ambiente e objetos desgastados pelo tempo.
- Grandes janelas.
- Iluminação abundante.
- Utilização de madeira, concreto, metal.
- Espaços amplos.
Uma das vantagens do estilo industrial é que ele casa perfeitamente com outros estilos, dando mais personalidade ao projeto. Você pode mesclar a ele elementos vintage, modernos, entre outros, já que as palavras-chave desse tipo de projeto são reaproveitamento e criatividade
Escandinavo
Nascido na fria região escandinava durante a década de 50, o estilo escandinavo traz espaços aconchegantes e com muita iluminação natural. Para o ambiente e móveis, são utilizados tons neutros (com destaque para o branco que garante mais amplitude e luminosidade). As cores mais vibrantes são designadas aos elementos decorativos e a reutilização de móveis e outros artigos são grandes trunfos que inclusive deixam o projeto mais barato e descomplicado.
- Caracterizando-o, temos:
- Ambientes em tons neutros, principalmente branco.
- Utilização do cimento queimado.
- Reutilização de móveis e outros artigos, muitas vezes para uma função inesperada (um banquinho antigo como mesinha de cabeceira, por exemplo).
- Utilização de artigos de metal, inclusive desgastados pelo tempo.
- Cores mais vibrantes em almofadas, pendentes, vasos, quadros.
- Utilização de tecidos como couro, sarja, linho.
- Valorização da iluminação natural.
Pra quem busca praticidade, aconchego e personalidade, o estilo escandinavo é a resposta. Não é muito complicado de se compor, já que visa mais a criatividade do que o rigor e pode ter um custo mais baixo.
E aí, se identificou com algum dos estilos? Qual ou quais deles mais se encaixam na sua personalidade e no seu projeto? Pense na mensagem que você quer consumir e passar, ela pode fazer toda a diferença.
Combinar elementos e aliar estilos não é uma tarefa intuitiva, ela demanda atenção aos detalhes. Com uma certa pesquisa em lojas e até mesmo dos itens que você já possui, é perfeitamente possível montar um mosaico que passa a mensagem correta. Mas o mais certeiro, sem sombra de dúvidas, é investir num profissional para essa empreitada. Ele vai ser o seu guia apontando os prós e contras de cada escolha, tanto do ponto de vista estético e pessoal quanto do funcional. Investir num arquiteto pode dar outra cara ao seu projeto.
Enfim, espero que esse conteúdo tenha sido útil e sanado algumas de suas dúvidas. Nos acompanhe para mais dicas e entre em contato caso queira uma orientação mais certeira. Como disse Frank Lloyd Wright, um dos grandes nomes da arquitetura moderna, “Arquitetura é a arte científica de fazer as estruturas expressarem ideias”.
Produção de conteúdo: Billie Arnt